Resumo:
Analisa a reação exagerada e hipócrita dos políticos brasileiros frente às declarações do cardeal D. Jaime Câmara, que havia denunciado a corrupção moral e administrativa no país. D. Jaime mencionou o caso de um deputado desonesto, não como o foco principal de sua palestra, mas como uma ilustração do problema mais amplo da falta de espírito público e colaboração entre os governantes. Observa que a crise moral no Brasil é amplamente reconhecida por diversos setores da sociedade, incluindo a imprensa, a oposição política e até mesmo em sermões religiosos. No entanto, quando o cardeal faz sua denúncia, os políticos reagem como se estivessem diante de uma revelação inédita e escandalosa, fingindo surpresa e indignação. Ironiza essa reação, retratando-a como uma peça teatral, onde os deputados e senadores, supostamente chocados, exigem que o nome do parlamentar corrupto seja revelado, como se fosse um fato isolado e não um reflexo de uma crise generalizada. Satiriza o discurso do senador Vitorino Freire, que expressa espanto com a ideia de um ladrão no Congresso, como se tal coisa fosse inconcebível. Conclui que essa reação desmedida revela mais sobre a complacência e a desonestidade generalizada dos políticos do que sobre a gravidade da denúncia em si, destacando a banalidade da corrupção no cenário político brasileiro.