Resumo:
Explora a dicotomia entre a vida pública e a vida privada de Machado de Assis, focando na discrepância entre o sucesso profissional e a angústia pessoal do autor. Aos quarenta anos, já um oficial respeitado da Secretaria da Agricultura, Machado começa a experienciar uma crescente divergência entre sua vida visível e sua vida interna, marcada por uma crescente amargura e angústia. Seus grandes romances e contos, como "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Dom Casmurro", sinalizam uma transformação na sua obra, refletindo uma nova perspectiva sobre o mundo e uma estética inovadora que foi inicialmente não percebida pelos críticos contemporâneos. Observa a aparente falta de reconhecimento do próprio Machado sobre sua obra de maturidade, assim como a veneração que ele expressava por outros escritores como José de Alencar e Graça Aranha, cuja obra ele considerava inferior à sua própria. A correspondência de Machado revela uma pessoa de trato amável e respeitosa, muitas vezes distante das discussões literárias mais mordazes e controversas. Também aborda a importância da Academia Brasileira de Letras para Machado, destacando sua dedicação ao desenvolvimento e à organização da instituição, mesmo enquanto ele enfrentava o luto pela perda de sua esposa, Carolina. Essa combinação de preocupação institucional e o reconhecimento da transitoriedade das realizações humanas reflete um paradoxo em sua vida, onde a busca pela estabilidade e prestígio contrasta com uma visão mais crítica e cética da existência.