Resumo:
Explora a comparação feita por José Veríssimo entre Machado de Assis e Anatole France, argumentando que essa associação é equivocada. Veríssimo, um crítico respeitado por sua objetividade, traça um paralelo entre os dois autores, sugerindo semelhanças no estilo e na visão de mundo. No entanto, discorda, enfatizando que, apesar de ambos os escritores compartilharem uma ironia cética, suas obras e filosofias divergem profundamente. Argumenta que Machado de Assis, influenciado por Sterne, Swift e Pascal, desenvolveu um humor mais próximo do existencialismo, marcado por uma profunda introspecção e uma visão melancólica do mundo. Em contraste, Anatole France, inserido na tradição racionalista francesa de Renan e Taine, apresenta um ceticismo mais superficial e distante, refletindo uma postura de superioridade intelectual. Também critica a falta de sensibilidade de Veríssimo ao interpretar o ceticismo de Machado, que ele vê como uma expressão de fé disfarçada, uma forma de abordar as contradições do mundo sem abandonar a crença em Deus, nos amigos e nas instituições. Conclui que, ao contrário de Anatole France, cuja obra perdeu relevância com o tempo, Machado de Assis e Pascal transcenderam suas épocas, assegurando a imortalidade de suas obras. Para ele, a obra de Machado é marcada por um humor profundo e doloroso, muito distante do estilo de France, o que reforça a singularidade e a profundidade do escritor brasileiro.