Resumo:
Analisa a experiência da constituição de um governo de concentração nacional sob o regime presidencial. Observa que, apesar do persistente desejo do presidente da República e da determinação do líder da União Democrática Nacional, a implementação do governo enfrenta graves dificuldades. Destaca a diversidade de objetivos entre o presidente e a oposição, que busca participar das responsabilidades da situação, não apenas ocupar cargos. Enfatiza que um governo deve ser resultado de um esforço conjunto, com um programa comum. Além disso, critica o regime político presidencialista brasileiro, que tende a concentrar o poder nas mãos do presidente, reduzindo a importância dos ministros a meros secretários. Essa estrutura dificulta a colaboração verdadeira entre partidos no governo, pois a coordenação gira em torno de uma única pessoa em vez de um programa de ação. Para que o governo de concentração nacional funcione, sugere que o presidente deve transcender os interesses pessoais e partidários, criando um governo realmente impessoal. Entretanto, ele aponta que o presidente parece preso a esses interesses, hesitando entre avançar ou recuar em suas decisões. A falta de uma abordagem de colaboração multilateral entre os partidos, especialmente a insistência do presidente em manter uma maioria partidária própria, limita a eficácia do governo. Conclui que essa deformação mental e a insistência no poder pessoal são os principais obstáculos para o sucesso da experiência do governo de concentração nacional.