Resumo:
Analisa o problema do petróleo como uma questão de natureza política, que deve ser resolvida pelos órgãos normais do Poder Público. Ele reconhece que existem várias soluções possíveis, desde a estatização completa até a exploração por empresas privadas sob regulação governamental. No entanto, pondera que essa decisão deve ser tomada pelo regime democrático, considerando vantagens e inconvenientes de cada modelo. Critica a interferência de grupos militares no debate sobre o petróleo, especialmente a atuação do Clube Militar, que, por ser composto por oficiais da ativa e da reserva, acaba exercendo influência desproporcional sobre a política nacional. Segundo Pilla, enquanto outras associações de classe, como sindicatos ou entidades empresariais, podem manifestar opiniões sem comprometer a ordem institucional, a participação de militares nas discussões políticas desestabiliza o sistema democrático. Cita como exemplo o episódio da eleição presidencial, em que a questão da maioria absoluta deveria ter sido resolvida pela Justiça Eleitoral, mas foi influenciada pela manifestação de generais, demonstrando o peso excessivo do poder militar sobre as instituições. Para Pilla, o verdadeiro risco não está apenas na condução do debate sobre o petróleo, mas na possibilidade de que decisões políticas continuem sendo condicionadas por pressões militares, em vez de serem resolvidas pelos canais legítimos da democracia.