Resumo:
Critica a ideia de que o Brasil esteja se encaminhando para um regime parlamentarista, devido à atual degradação do presidencialismo. Ele refuta a visão de que os episódios envolvendo o impedimento de presidentes pelo Congresso ou as dificuldades enfrentadas por Juscelino Kubitschek para organizar seu ministério possam ser interpretados como sinais de parlamentarismo. Argumenta que tais situações não passam de golpes de Estado ou da fragilidade do sistema presidencialista latino-americano, e não uma transição para o parlamentarismo. Ele aponta que a dificuldade de Kubitschek em escolher livremente seus auxiliares, devido a compromissos políticos, não caracteriza um sistema parlamentarista, mas sim um enfraquecimento do poder presidencial. Critica ainda a ideia de que o Brasil vive, de forma tácita, um parlamentarismo "musicalizado pelas marchas militares", como sugerido por alguns comentaristas. Ele esclarece que o sistema parlamentarista é bem diferente, pois nele há um presidente sem responsabilidade política, um governo responsável perante o parlamento e um parlamento com plena liberdade. No Brasil, no entanto, essas estruturas essenciais estão ausentes, e o que se observa é a degeneração do presidencialismo, com a centralização e enfraquecimento das instituições democráticas. Conclui que essa análise, se levada a sério, seria uma falácia, pois a realidade política do país é muito distante de um regime parlamentarista verdadeiro.