Resumo:
Aborda a grave crise política e social que o Brasil enfrenta, destacando a rigidez do sistema político brasileiro, que é incapaz de se adaptar às crises recorrentes. O autor afirma que, embora a atual crise tenha origens mais profundas, o governo em exercício tem agravado a situação devido à sua política desajustada e sem a necessária austeridade. Critica a democracia presidencialista brasileira, que, segundo ele, funciona apenas no dia das eleições, deixando o país vulnerável a um governo incapaz de mudanças efetivas. Em contraste, o autor faz uma análise do sistema político francês, defendendo que, embora o sistema parlamentarista tenha falhas, o modelo francês é mais flexível e, portanto, mais eficiente na gestão de crises. Pilla aponta que a instabilidade observada na França não é uma característica do parlamentarismo em si, mas uma deformação deste sistema, que se manifesta apenas naquele país. Defende que a "mobilidade" dos governos franceses, ao contrário da "instabilidade", é uma vantagem, pois permite ajustes rápidos e evita que crises políticas se transformem em revoluções. O autor sugere que, sem a mobilidade do governo, o Brasil continuaria a caminhar para o abismo, ao passo que a flexibilidade no governo francês poderia ajudar a resolver as crises mais rapidamente, sem maiores perturbações.