Resumo:
Reflete sobre a inviabilidade de um governo de união nacional no contexto político do Brasil. Argumenta que um governo de união pressupõe, antes de tudo, a união das partes, o que é impossível diante da grave divisão existente no país. Pilla aponta que as divergências políticas, econômicas, sociais e morais são tão profundas que uma união genuína entre todos os setores seria impraticável. Ele destaca que, para um governo de união nacional, seria necessário um governo coletivo, compartilhando responsabilidades entre várias correntes. No entanto, o Brasil possui um sistema de governo estritamente pessoal, que concentra poder nas mãos do presidente da República. Segundo o autor, um governo pessoal contradiz a ideia de união nacional, uma vez que resultaria em um governo de submissão, onde os partidos políticos, ao invés de contribuírem para o bem coletivo, ficariam submisos à vontade do presidente. Pilla sugere que, teoricamente, seria possível compartilhar o poder com um gabinete de ministros, mas a prática demonstra que o presidente, acostumado a exercer poder absoluto, não estaria disposto a ceder. Por fim, ele conclui que, mesmo que existissem condições para um governo de união, ele não seria um governo de salvação, pois a mentalidade autoritária do presidente impediria qualquer tipo de verdadeira colaboração política.