Resumo:
Analisa o enfraquecimento do regime democrático no Brasil, destacando os impactos negativos da ditadura getuliana e da transição para a democracia. O autor começa ressaltando a falta de preparo do povo brasileiro para exercer o direito ao voto, que havia sido conquistado após anos de repressão e fraude. O povo, ainda marcado pela experiência do Estado Novo, mostrou-se incapaz de utilizar corretamente o voto nas primeiras eleições, como exemplificado pela escolha do presidente Eurico Gaspar Dutra, que, embora tenha mantido o regime democrático, não conseguiu superar as deficiências políticas do país. Pilla argumenta que, apesar da transição, a situação não melhorou, e a capacidade cívica do povo piorou com o tempo. O retorno de Getúlio Vargas ao poder e o processo eleitoral de 1955, marcado por irregularidades e fraudes, reforçam essa ideia de uma democracia fragilizada. O autor também observa que o sistema presidencial, ao invés de ser abolido pela Revolução de 1930, continuou em vigor, perpetuando a irresponsabilidade governamental e a deseducação política do povo. Pilla defende que a verdadeira reforma política só seria possível com a adoção do sistema parlamentarista, que ajudaria a educar a população para a prática da democracia, ao contrário do presidencialismo, que apenas alimenta a demagogia e a corrupção. A deterioração do regime democrático é vista como um processo contínuo e, embora haja sinais de renovação nas aspirações populares, Pilla conclui que, sem uma reforma estrutural, o país seguirá rumo à decadência.