Resumo:
Analisa o contexto político do Brasil durante o período de transição para as eleições presidenciais. Inicialmente, há uma divisão entre os partidos governistas sobre a candidatura do marechal Henrique Teixeira Lott. O Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista, ambos, hesitam em apoiar Lott, mas acabam aceitando sua candidatura como inevitável. Isso ocorre após o fracasso das manobras para viabilizar a candidatura de Juracy Magalhães, que era apoiada pelo presidente Juscelino Kubitschek, com o objetivo de enfraquecer a oposição e a candidatura de Jânio Quadros. A situação muda quando a candidatura de Lott se consolida, enfraquecendo a candidatura de Juracy e garantindo uma maior unidade dentro da União Democrática Nacional (UDN), que até então estava ameaçada de cisão. Pilla observa que, ao contrário do que muitos pensam, a consolidação de Lott não traz benefícios claros para o país, pois isso pode implicar em um governo que, ao ser considerado “inarredável”, pode tornar-se um obstáculo ao próprio processo eleitoral. Ele compara a intervenção do presidente na candidatura de Lott à campanha de 1929, quando Washington Luís também apoiou Júlio Prestes, o que levou à Revolução de 1930. O texto sugere que a aceitação dessas intervenções presidenciais em processos eleitorais representa uma deterioração da política democrática, que, em 1959, já era vista de forma mais complacente.