Resumen:
Raul Pilla comenta o apelo feito pelo General Thales M. da Costa ao então Ministro da Guerra, Marechal Henrique Teixeira Lott. O general congratula Lott por sua candidatura à Presidência da República, embora com reservas, e solicita que ele use sua influência para garantir que as Forças Armadas permaneçam afastadas das disputas político-partidárias durante a campanha eleitoral. Pilla destaca a legitimidade do apelo, visto que o envolvimento político das Forças Armadas compromete sua unidade, eficácia e prestígio. Segundo ele, o problema é agravado pelo fato de uma facção militar dominante impor sua vontade sobre a outra, assumindo funções que deveriam ser do poder civil. Isso configura uma grave subversão do regime democrático, que, apesar de manter suas formas institucionais — Presidente, Ministros, Legislativo e Judiciário —, esconde sob sua “casca” um poder efetivo exercido por forças militares. No entanto, Pilla aponta a contradição do apelo dirigido justamente a Lott, figura que mais se destacou pela sua atuação política no meio militar. Sua candidatura à Presidência seria a culminação dessa trajetória de ingerência. O apelo do general, embora compreensível, parece ingênuo, pois requer que Lott repreenda os colegas militares por agirem como ele próprio tem agido. O autor ironiza, dizendo que a autoridade de Lott, nesse contexto, seria semelhante à de Frei Tomaz, que pregava: “faça o que eu digo, não o que eu faço”. Assim, Pilla critica a politização das Forças Armadas e a incoerência das lideranças militares.