Abstract:
Critica a proposta de emenda constitucional que visava garantir assento perpétuo no Senado para ex-presidentes. Sugere que esta proposta é uma manobra política da UDN para preparar um ataque ao então presidente Juscelino Kubitschek, que aparentemente deseja se reeleger. Expressa desdém pela ideia de prolongar o poder dos ex-presidentes, considerando-a uma tentativa de manter o prestígio e o poder por meio de emendas constitucionais. Reflete sobre a responsabilidade dos líderes em contraste com a experiência pessoal da responsabilidade cotidiana. Compara a responsabilidade de um pai de família com a de um presidente, argumentando que a grandeza do cargo presidencial transforma problemas pessoais em questões abstratas e distantes. Essa abstração contribui para a falta de empatia e a distância entre o poder e as dificuldades enfrentadas pelos cidadãos comuns. Critica também a indiferença dos líderes políticos em relação às tragédias no Nordeste do Brasil, onde a seca e a fome causam a morte de muitas crianças. Denuncia a falta de responsabilidade e a exploração das situações de miséria para benefício próprio, sugerindo que as vantagens de poder levam à perpetuação da irresponsabilidade. Conclui com um apelo irônico e indignado, evocando o grito de um personagem literário para exigir uma retribuição para os responsáveis pela negligência e corrupção.