Resumo:
Critica a declaração do Cardeal de São Paulo sobre o sr. João Goulart. O Cardeal expressou confiança na liderança de Goulart à frente do PTB, usando o que Corção considera inadequadamente o "plural majestático", um recurso linguístico que dá a impressão de que a opinião do Cardeal reflete um consenso mais amplo dentro da Igreja. Argumenta que tal pronunciação não representa a posição oficial da Igreja, pois não houve um concílio universal para endossar a opinião sobre Goulart e o episcopado brasileiro não autorizou o Cardeal a falar em nome de toda a Igreja. Compara a situação com um episódio anterior em que um jornalista confundiu a opinião de Dom Helder Câmara com a da Igreja. Ressalta que bispos e cardeais têm opiniões pessoais, mas estas não são necessariamente representativas da posição oficial da Igreja. Questiona a base da confiança expressa pelo Cardeal em Goulart, especialmente dada a existência de suspeitas sobre a integridade de Goulart e suas declarações de aliança com o Partido Comunista. Conclui que a confiança e o entendimento entre Estado e Igreja são benéficos quando bem fundamentados, mas podem ser desastrosos se baseados em uma avaliação inadequada. Defende a necessidade de distinguir entre as opiniões pessoais de líderes e a posição oficial da Igreja para preservar a integridade da fé e da moral.