Abstract:
Critica a retórica de Getúlio Vargas em 1945, que, ao se dirigir aos Querenistas, utiliza uma linguagem ambígua, similar à que usou em 1937, quando orquestrou um golpe de Estado. Observa que Vargas afirma compreender os desejos do povo, mas essa compreensão é uma cortina de fumaça para um possível novo golpe que visa garantir sua continuidade no poder. Enquanto em 1937 o totalitarismo estava em ascensão e a democracia parecia perdida, em 1945, a situação internacional favorece a recuperação democrática, tornando qualquer tentativa de restabelecimento da ditadura impraticável. Destaca que, ao contrário de 1937, as classes armadas estão agora vigilantes e decididas a proteger a nação de novas conspirações. Vargas tenta incitar os Querenistas a resistirem, mas Pilla enfatiza que sua proposta de convocar uma Assembleia Constituinte não é genuína, uma vez que ele havia se recusado a fazê-lo quando as correntes democráticas mais precisavam. Vargas apresenta-se como um sacrificado que ainda está disposto a se afastar do poder se o povo assim exigir, mas isso parece mais uma manobra para ganhar tempo. Conclui sugerindo que, para assegurar uma transição real da Ditadura para a Democracia, a Magistratura deve ser o poder a conduzir essa mudança, apoiada pelas classes armadas, estabelecendo uma ruptura com os anos de tergiversação.