Resumo:
Analisa a relação entre instabilidade política e administração no contexto das crises ministeriais na França. Respondendo ao questionamento de Joaquim Osório sobre a resistência das nações diante de crises administrativas, Pilla esclarece que a instabilidade observada é política e não administrativa. No sistema parlamentar, embora os gabinetes possam cair, a administração pública continua a operar normalmente, mantendo os serviços essenciais como arrecadação de impostos, transporte e educação. Distingue governo e administração, ressaltando que o governo estabelece diretrizes políticas enquanto a administração executa essas políticas. Argumenta que, embora mudanças de governo possam implicar mudanças nas diretrizes administrativas, a verdadeira instabilidade não reside na administração, mas nas crises políticas. Observa que as necessidades do regime parlamentar promovem um aparato administrativo estável, que os governos não têm interesse em desorganizar. Em contrapartida, no regime presidencialista, o presidente pode causar grandes alterações na administração, influenciando drasticamente a continuidade das políticas, como evidenciado pelo "spoil system" nos Estados Unidos. Portanto, segundo ele, a instabilidade administrativa é uma característica mais acentuada do presidencialismo, ao contrário da estabilidade inerente ao sistema parlamentar.