Resumo:
Aborda a degradação da vida pública brasileira, enfocando especialmente a corrupção na polícia. Descreve como a corrupção se enraizou de forma sistêmica na administração pública, particularmente no aparato policial, que deveria ser responsável por manter a segurança e moralidade pública. Pilla destaca a natureza da corrupção, diferenciando entre a corrupção ativa e passiva, e explicando como a prática ilícita se torna cada vez mais uma regra estabelecida pelos próprios agentes da administração pública. A corrupção, muitas vezes, se torna tão integrada ao sistema que os agentes públicos exigem contribuições para desempenharem suas funções, sejam elas legais ou ilegais. O autor critica a posição de juristas e autoridades que, em vez de combaterem a corrupção, acabam defendendo uma interpretação que legitima a manutenção do sistema corrupto. Pilla também menciona o papel das comissões parlamentares de inquérito, que se tornam uma "brincadeira de mau-gosto", pois, diante de um sistema corrompido, essas comissões não têm poder real para combater a corrupção. A crítica se estende a práticas como as licitações públicas, em que concorrentes que deveriam ser selecionados com base na meritocracia acabam sendo intimados a pagar "comissões" para garantir suas vitórias.